500 DA REFORMA: E AS POLÊMICAS CONTINUAM
- Uma reflexão a mais! -
No
do 1 de outubro de 2017, o Centro Dom Bosco (centro de estudos, formações e
espiritualidade católica) lançou uma campanha voltada para a conversão dos
protestantes à Igreja católica. Diz a campanha:
"CAMPANHA: PROTESTANTES, VOLTEM PARA CASA!
Estamos nos aproximando dos 500 anos da revolução
protestante. Como o filho pródigo, que abandonou o seu lar, milhões de pessoas
se afastaram da Igreja fundada por Jesus Cristo (Mt 16, 16-19) desde o infame
episódio. Por isso, é tempo de voltar para a Igreja Católica. Que todos sejamos
um na Verdade. Protestantes, Voltem para Casa!
Serão 70 dias, 3
livros publicados e várias ações voltadas para a conscientização e conversão
daqueles que estão no erro. Que todos sigam as palavras de Cristo: “há um só
rebanho e um só pastor” (Jo 10, 16). Por isto, queremos repetir o convite feito
pelo Papa Leão X a Lutero:
“É nossa esperança,
tanta quanto podemos ter, que ele (Lutero) passe por uma mudança interior tomando
o caminho da brandura que lhe propusemos, volte e se afaste de seus erros. Nós
o receberemos bondosamente como ao filho pródigo retornando ao seio da Igreja.”
(Exsurge Domini, 1520)"[1]
Como era de se esperar, a
campanha gerou polêmica no meio protestante e muitos foram os comentários de
repúdio por parte dos protestantes com relação a campanha.
Desses
comentários-respostas da parte dos protestante à campanha, dois me chamaram a
atenção.
1) do Pastor Augustus Nicodemus que no dia 12 de outubro - dia da
Padroeira do Brasil - postou em seu perfil do Facebook:
“Já fizemos isso em
1517. A Igreja Católica Romana nunca foi a casa dos cristãos, mas uma prisão
que acorrentou suas consciências à doutrinas e práticas inventadas por homens
desprovidos da verdade bíblica”[2].
2) Do teólogo
protestante Anderson Garcia[3]
que no mesmo dia 12 de outubro escreveu uma resposta ao Centro Dom Bosco em
um artigo[4]
para o site: Quase Teóloga[5]. Ele diz no artigo:
"Nossa resposta é que não há necessidade de voltarmos para a casa
Católico-Romana, pois já estabelecemos a nossa morada com O fundamento (Cristo)
há um bom tempo, não estamos desabrigados e descobrimos que a liberdade em
Cristo é o melhor lugar que o cristão pode residir. Como protestantes
excomungados e condenados pelo sumo pontífice entendemos que a única
possibilidade de diálogo que estabeleceríamos seria sobre a condição de que o
Papa reconsiderasse as indagações e condenações feitas na bula de excomunhão de
Lutero e nas ordenanças estabelecidas contra os protestantes no Concílio de
Trento no sentido de que tal excomunhão, indagações e condenações fossem revogadas.
Ao
Centro Dom Bosco, a toda comunidade Católico-Romana e a seus eruditos
agradecemos o convite, porém, declinamos de tal proposta e sendo assim,
convidamos aos senhores, a fim de que reflitam sobre os ideais reformadores
propostos desde 1517 e neste ano comemorativo de 500 anos da Reforma
Protestante, entendam que estamos bem acolhidos em nossa atual casa (Igreja
Católico-Cristã Protestante)."
Enfim
a polêmica foi lançada e o embate é inevitável. Principalmente no mês de
outubro quando por um lado os católicos comemoram os 300 anos da Aparição da
Imagem de Nossa Senhora Aparecida (12) e por outro lado os protestante comemoram
os 500 anos da Reforma (31). No entanto é preciso refletir o ocorrido com
seriedade. E irei fazer isso, afinal, de ambos os lados, os
comentários possuem certos equívocos que precisam ser sanados para que mais
mal-entendidos sejam evitados!
Em primeiro lugar gostaria de expor a posição
oficial da Igreja Católica a luz do Concílio Vaticano II referente aos
protestantes:
O
Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 818 - fazendo eco ao que nos ensinou
o documento conciliar Unitatis
Redintegratio - nos ensina que:
"Os que hoje nascem em comunidades
provenientes de tais rupturas, «e que vivem a fé de Cristo, não podem ser acusados do pecado da
divisão. A Igreja Católica abraça-os com respeito e caridade fraterna
[...]. Justificados pela fé recebida no Batismo, incorporados em Cristo, é a
justo título que se honram com o nome de cristãos e os filhos da Igreja
Católica reconhecem-nos legitimamente como irmãos no Senhor»"[6]
E
no parágrafo 819 diz:
"Além disso, existem fora das fronteiras visíveis da Igreja
Católica, «muitos elementos de santificação e de verdade»: «a Palavra de Deus
escrita, a vida da graça, a fé, a esperança e a caridade, outros dons
interiores do Espírito Santo e outros elementos visíveis». O Espírito de Cristo
serve-Se destas Igrejas e comunidades eclesiais como meios de salvação, cuja
força vem da plenitude da graça e da verdade que Cristo confiou à Igreja
Católica. Todos estes bens provêm de Cristo e a Ele conduzem e por si mesmos
reclamam «a unidade católica»".
Ora, vejamos quão grandioso é este ensinamento da Igreja
Católica no que tange aos protestantes: a Igreja Católica reconhece que os protestantes constituem uma autêntica comunidade
cristã e que os mesmos são instrumentos da graça divina. E ao mesmo tempo diz
com clareza que aqueles que nasceram "em comunidades provenientes de tais
rupturas, «e que vivem a fé de Cristo, não
podem ser acusados do pecado da divisão."
Assim sendo,
a Igreja Católica reconhece os protestantes como autênticos cristãos, e que os
mesmos pertencem de algum modo a única Igreja de Nosso Senhor Jesus e como
irmãos, justificados pela fé recebida pela Graça e professada no Batismo,
incorporados em Cristo, devem ser reconhecidos como pertencentes de um modo
misterioso ao próprio Corpo Místico de Cristo, isto é, a própria Igreja que é
Una, Santa, Católica e Apostólica.
Isso
significa que de algum modo estes irmãos podem ser chamados católicos, pois como ensina a Igreja:
"existem
fora das fronteiras visíveis da
Igreja Católica, «muitos elementos de santificação e de verdade»: a Palavra de
Deus escrita, a vida da graça, a fé, a esperança e a caridade, outros dons
interiores do Espírito Santo e outros elementos visíveis" e esses elementos de alguma forma "reclamam a unidade católica".
É preciso, por outro lado deixar claro que Igreja
Católica não acredita que existe uma Igreja
invisível por detrás das inúmeras igrejas cristãs. Nem numa Igreja
espiritual que esteja acima das doutrinas, e oculta aos olhos dos homens
conhecida somente por Deus. Ela não acredita na irrelevância das doutrinas, sendo estas o motivo da divisão. A Igreja Católica deixa claro que todos os
elementos de santificação e verdade existentes nas diversas
comunidades cristãs separadas, pertencem de algum modo a única Igreja de Cristo. Ou seja, não existe uma Igreja
Invisível em detrimento das comunidades visíveis, existe fronteiras invisíveis
da única Igreja Visível de nosso Senhor Jesus: que é Santa e Católica.
Por isso, quanto as divisões, ensina o
catecismo:
"De fato, «nesta Igreja
de Deus una e única, já desde os primórdios surgiram algumas cisões, que o
Apóstolo censura asperamente como condenáveis. Nos séculos posteriores, porém,
surgiram dissensões mais amplas. Importantes comunidades separaram-se da plena
comunhão da Igreja Católica, às vezes por culpa dos homens duma e doutra parte».
As rupturas que ferem a unidade do Corpo de Cristo (a saber: a heresia, a
apostasia e o cisma) devem-se aos pecados dos homens: «Ubi peccata, ibi est
multitudo, ibi schismata, ibi haereses, ibi discussiones. Ubi autem virtus, ibi
singularitas, ibi unio, ex quo omnium credentium erat cor unum et anima una — Onde há pecados, aí se
encontra a multiplicidade, o cisma, a heresia, o conflito. Mas onde há virtude,
aí se encontra a unicidade e aquela união que faz com que todos os crentes
tenham um só coração e uma só alma»" (Catecismo nº 817).
Logo, o pecado da divisão não é
culpa da instituição ou da Igreja enquanto tal, mas dos homens que de alguma forma não testemunharam ou testemunham o que
a própria instituição ensina. Portanto, o que nos deveria
aparecer óbvio, a solução para a unidade cristã, ou como nos ensina a Igreja, a
resposta para a reclamação a unidade católica, se encontra nas relações
pessoais entre os cristãos. Do debate legítimo e honesto das doutrinas e
preceitos, na autêntica Disputatio
theologiarum.
As diferenças não nos deveriam
separar, mas nos unir, como em concílios a fim de que o erro e as controvérsias sejam resolvidos e corrigidos. E isso a Igreja
Católica sempre ensinou e a prova disso é justamente encontrado, por exemplo, nas diferenças existentes nas
Teologias de Tomás de Aquino e de Duns Scoto quanto ao motivo da encarnação. Ambas aceitas pela Igreja. Ademais, a própria Igreja Católica
é constituída por 24 igrejas autônomas. Repito: 24 igrejas autônomas. O que demonstra ser ela uma comunhão de
Igrejas que não se restringe a Igreja Romana. Cada uma delas são autônomas para legislar de modo independente a respeito de seu rito e da sua disciplina, mas não a
respeito dos dogmas, que são universais e comuns a todas elas e garantem a sua unidade de fé – formando, na essência, uma única Igreja Católica, cujo Santo Padre, o Papa, se torna o vínculo de unidade e que a todas preside na caridade. Não tirando porém de cada uma, a sua autotomia!
Assim sendo, se, com o intuito da campanha, o Centro
Dom Bosco queira dizer que a Igreja Católica acredita que todos os protestantes sejam hereges, devo dizer que estão
equivocados. Para isso basta ver a vida de C.S. Lewis (protestante). A Igreja não enxerga desta maneira. Mas por agora e pela extensão do
assunto, não convém mais detalhes, bastando o que já foi dito. Agora, se é
apenas um ato apologético cuja intenção seja a unidade mesma da Igreja na caridade e no
diálogo, não vejo nada de desrespeito em tal ato aos irmãos protestantes.
Pois acredito piamente que todo bom católico queira ver os protestantes
convertidos. Como acredito que o seu contrário também seja verdadeiro. Que todo
bom protestante queira ver os católicos convertidos. E isso a meu ver é absolutamente normal! Se acreditamos realmente que algo é verdadeiro, então devemos ensinar, debater e atrair pessoas ao que acreditamos. Desde que na honestidade, fraternidade e caridade. Por isso me pergunto se a
forma como tal campanha foi feita seja a mais eficiente? Mesmo assim, eu enxergo a campanha como uma natural atitude apologética, uma ousada campanha. Não vejo com olhos negativos. Não me surpreenderia se algo semelhante fosse feito da parte protestante.
Quanto aos dois comentários devo
apenas ressaltar que: 1) ao pastor Augustus Nicodemus: NÃO! A Igreja Católica
nunca foi uma "prisão que acorrentou suas consciências à doutrinas e práticas
inventadas por homens desprovidos da verdade bíblica". Muito pelo contrário, a Igreja
Católica em todas as suas doutrinas e dogmas oferece uma reflexão bíblica como fonte
e base. O que diferencia é o enfoque e a interpretação e, obviamente, que não
possuímos somente a Bíblia como regra de Fé, o que faz com que a nossa Doutrina
não seja somente bíblico-teológica, mas também filosófico-teológica etc... Caso
o pastor Nicodemus, lamentavelmente como doutor em teologia, ainda não saiba, mas,
desde que os protestantes assumiram o livre-exame
como base para interpretação bíblica, toda e qualquer afirmação de que o outro
esteja equivocado hermeneuticamente acaba por se tornar impossível. Isso porque
justamente o livre-exame relativiza sua
hermenêutica. As divisões protestantes historicamente testemunham este fato. Não é possível dizer que o outro esteja equivocado em sua interpretação bíblica se o
mesmo possui tal liberdade para examiná-la individualmente. Ainda sim, aquele
que interpreta, interpreta segundo alguma tradição eclesial, o que demonstra
ser o livre-exame totalmente auto-contraditório. A SIM! A Igreja Católica é a casa de cristãos. Nada e ninguém poderá desfazer o que em nós foi feito nesta casa: Nos tornamos filhos de Deus pelo batismo e fomos enxertados no Filho unigênito. Nesta casa nos tornamos cristãos e não somente nossa profissão de fé, mas nossas obras revelam a quem servimos. Nossos frutos são santos!!!
Ademais
seria importante que o doutor em teologia estudasse um pouco mais a história da
instituição, de seus santos, de seus movimentos, de sua profunda teologia, antes de tecer
qualquer comentário baseado unicamente na emoção, para não se equivocar da maneira como se equivocou. Aliás,
o mesmo deveria perceber que apesar do Centro Dom Bosco ser católico e defender
a doutrina católica, estes não são o Magistério da Igreja. (apesar de eu
acreditar na integridade da obra).
2)
Quanto ao Anderson Garcia (que por sua vez me é muito querido e conhecido) e
que nos fez um convite: "convidamos
aos senhores (Centro Dom Bosco, a toda comunidade Católico-Romana e a seus
eruditos) a fim de que reflitam sobre os
ideais reformadores propostos desde 1517 e neste ano comemorativo de 500 anos
da Reforma Protestante", respondo que isso já foi feito e respondidos
nesses últimos 500 anos contando com vastíssima bibliografia. Cada uma delas
bem refletidas e respondidas. Cada uma das cinco solas são para nós verdades
incontestáveis desde que antes de cada uma delas se retire a "sola" (somente).
Isso porque o cristão não vive somente das Escrituras, mas de toda a Tradição
Cristã que inclui as Escrituras (2Tes 2,15). Isso porque não é
somente pela Fé que somos justificados, mas também
pelas obras como bem nos ensinou São
Tiago (Tg 2,14-26). Isso porque o
cristão não é passivo diante da
graça, mas ativo, isto é, não vê a
graça como um toque mágico de regeneração, mas é cooperador com a graça. Deus
deu o livre-arbítrio justamente para que o homem cooperasse com Ele em sua obra
de amor. Isso porque Deus mesmo partilha com seus eleitos a sua Glória (Sl
83,12; Eclo 44,1-2; Jo 17,22). de tal maneira que quem recebe os seus, recebem
àquele que os enviou (Mt 10,40; Mc 9,37; Lc 10,16; Jo 13,20). De tal maneira
que quem toca em um dos eleitos, toca do mesmo modo em quem os Elegeu (Mt 25,33-46).
Isso porque a nossa salvação por meio do único salvador nos é comunicada pela sua Igreja (Atos 5,12; Ef 3,8-10;
Cl 1,24) . De tal maneira que não podemos desassociar Cristo de sua Igreja, o
Esposo de sua Esposa, a Cabeça de seu Corpo. Quanto a afirmação:
"O alicerce dos apóstolos era Cristo, a Igreja Católico-Romana tem em Pedro seu primeiro Papa (cabeça visível de toda a Igreja, governa a casa do Deus vivo) e os protestantes de uma forma prudente, como já citado no texto de Mateus 7.24, entendem que o único intermediador entre Deus e o homem é Cristo e Ele sim é a rocha a pedra principal."
Respondo
apenas de que se pegarmos a primeira carta aos Coríntios 3,11,
Paulo diz: “Ninguém pode colocar outro fundamento diferente daquele que já
está colocado: Jesus Cristo”. Mas, também diz em Efésios
2,19-20, a Casa de Deus, a Igreja, foi construída sobre “o fundamento dos
Apóstolos e dos Profetas, com o próprio Cristo Jesus como pedra angular”. Ou
seja, Pedro sendo pedra e o Papa o seu sucessor sendo nosso guardião da unidade
em nada contradiz o fato de que Cristo é o fundamento por excelência da
Igreja, porém os Apóstolos e principalmente Pedro compartilham disto; Jesus é o
Pastor da Igreja, mas os Apóstolos e seus sucessores também são pastores de um
modo participativo (Ef 4,11; 1Pd 5,2-4).
Assim, o fato de Jesus ter constituído Pedro como a pedra terrestre sobre a
qual a Igreja seria fundada não contradiz o fato de que Cristo é a derradeira Pedra
celestial. A solidez da “pedra” de Pedro é dependente do fundamento de Cristo;
mas esta dependência não torna a solidez de Pedro menos real. Na verdade, torna
esta regra – a de que Pedro é pedra – totalmente mais segura.
Repito: aceitamos todas as proposições das cinco solas mas
sem as "solas". Ou seja, aceitamos as Escrituras,
possuímos Fé, Cremos na primazia da Graça, a Glória de Deus é infinitamente
maior que a de qualquer outra criatura porém doada e manifestada nos seus, e
cremos piamente que a Salvação provém do único mediador, Jesus Cristo, que por
sua vez possui um Corpo Místico: a Igreja. Assim não precisamos nos firmar em
cinco bases doutrinais, mas numa única: Sola Verbum Domini, isto é,
somente na Palavra de Deus que não é um livro, ou ideia, ou doutrina, mas uma
Pessoa: Jesus Cristo! Que por sua vez possui um Corpo que é a Igreja. Esta é
guiada pelo Espírito Santo, possui Tradição e história, possui Escrituras
Sagradas, vive pela Graça de Deus e recebe dEle a sua Glória. Professa um só
batismo, numa única fé.
Como católico acredito piamente que não devo "comemorar" os 500 anos da reforma e jamais poderia comemorar algo que para mim não foi uma reforma, mas uma revolução. Não poderia eu comemorar 500 de divisão e divisões, sem minimizar a culpa de nenhum dos lados. Mas os protestantes oriundos deste fato história possuem total direito para comemorar. O que a Igreja irá fazer é refletir conjuntamente - mais uma vez - com os protestantes o significado do evento e buscar um caminho para unidade.
Bruno Otenio - Formado em Filosofia pela
Unifai e estudante de Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo.
Referências Bibliográficas
[1]https://editora.centrodombosco.org/
[2]https://www.facebook.com/AugustusNicodemusLopes/photos/a.377589205626830.99909.286231964762555/1597081910344214/
[3]Estudante de Teologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie
[4]https://quaseteologa.wordpress.com/2017/10/12/voltar-para-casa-nao-obrigado-estamos-otimos-por-aqui/
[5]https://quaseteologa.wordpress.com/
[6]http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s2cap3_683-1065_po.html
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