Teologia e Literatura

A onipresença de Deus no mundo secundário: Deus também habita os contos de Fadas

            Nós seres humanos, criaturas pequenas de Deus, somos apenas subcriadores. Criador é somente Deus. Ele é o único e verdadeiro criador fantástico e genial. Mas, por sua infinita misericórdia nos concedeu tal capacidade, tamanha semelhança, de também "criarmos" coisas, histórias, mundos etc. tal como Ele próprio nos criou.
            Tolkien dizia "que o único criador é Deus. Nós somos apenas subcriadores. Pois criamos somente a partir do que foi criado. E só criamos porque somos criados. E criados a imagem de um Criador” (1).

            O mais Belo disso tudo, é saber que esse Deus é onipresente. Portanto Ele se faz presente no Mundo que nós criamos. Logo, Deus se faz presente no mundo dos contos de fadas, no Reino encantado. Podendo Deus estar em todo lugar, nossa mente e nossos mundos, são também espaços de habitação divina. Entenda espaço como "estado". Espaço aqui não é geográfico, mas analítico, mental, isto é, o raciocinável, o sensível, o reflexivo. Aqui está a importância de se evangelizar por meio dos contos de fadas.

            A literatura hoje é constantemente usada para fins ideológicos. Inúmeras obras são criadas simplesmente para ensinar valores morais, sejam elas perenes, conservadoras, religiosas ou até mesmo revolucionárias e ideológicas. Por isso, acredito plenamente que a mente humana, o campo da imaginação, deve se tornar um “local” de  profunda reflexão para a ação missionária da Igreja, para a ação evangelizadora.

            Enfim, devemos apostar na criação de contos de fadas, belíssimas histórias do "era uma vez" e do "viveram felizes para sempre". Pois histórias como essas preparam a mente para o inimaginável, para o absurdo e nos proporcionam grandes favores mentais, físicos e espirituais: como alegrias, emoções, consolo, sonhos. A pedagogia dos contos de fadas é tão elevada quanto à própria pedagogia bíblica, não que esteja no mesmo nível da Escritura Sagrada, e nem que a Bíblia seja um conto de fadas, mas porque eles (os contos) nos abrem ao impossível. Sim, os contos proporcionam nas mentes à capacidade de imaginar ou prepará-las para aquilo que aparentemente é impossível. Ora, Deus é o Deus do impossível, os contos por tanto nos preparam para o extraordinário divino. Deus é onipresente e se faz presente também nos mundos subcriados, isto é, no mundo secundário.

Paz e Bem

Por Bruno Otenio

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Notas:

1.        TOLKIEN, J.R.R. Árvore e Folha. WMF Martins Fontes, 2013.