Qual é a
mensagem de Jesus? O que realmente Ele nos ensinou?
A mensagem de Jesus é
Ele mesmo. Sim, a beleza da mensagem de Jesus é que Ele é totalmente aquilo que
anunciou, de modo que sua pregação se confunde com seu próprio ser. Jesus e sua
obra são a mesmíssima coisa. Jesus é a sua obra, e a obra pregada é ele mesmo.
Jesus não veio pregar
uma ideia como outra qualquer, nem mesmo uma filosofia. Jesus veio na verdade
ensinar um caminho, isto é, veio falar do caminho que leva ao Pai. Ele é esse Caminho, Ele é o próprio conteúdo de sua pregação. Ele é o caminho que leva ao
Pai.
Isto é o cristianismo,
um caminho, uma trajetória de vida rumo a própria Vida, é um acontecimento. O
cristianismo por tanto é a mensagem de Jesus, pois se entende cristianismo como
o seguimento de Jesus e não uma religião qualquer, mas uma religião verdadeira,
um caminho que de fato nos re-liga ao nosso fim último.
O cristianismo por tanto
é Jesus, a religião é Jesus, pois ele é a ponte, o pontífice, que nos
"re-liga" ao Pai, o verdadeiro "re-ligare".
A Igreja, que somos nós,
deve traçar este "caminho cristão", isto é, deve andar no caminho
chamado: "cristianismo", que nada mais é do que seguimento do próprio
Cristo. Na verdade a Igreja é a indicadora do Caminho.
O cardeal Ratzinger em
seu livro: "Introdução ao Cristianismo" (1) diz que: "Nele (Jesus Cristo) se
manifesta, na verdade, o cerne mais profundo do entendimento realizado pela fé
em relação a figura de Jesus de Nazaré. Pois o enunciado verdadeiro da fé
consiste em dizer que não é possível distinguir nesse Jesus a função da pessoa;
nele, essa diferença perde a sua razão de ser. A pessoa é a função e a função é
a pessoa [...] aqui não se trata de um eu separado da obra - o eu é a obra e a
obra é o eu". (2)
Ratzinger faz ainda
uma hermenêutica brilhante da ideia de São João em seu Evangelho: "João
só precisa tirar desse fato as últimas consequências; a ideia cristológica
básica de seu evangelho é esta: esse Jesus Cristo é "Palavra", é
"Verbo"; uma pessoa que não apenas tem palavras, que é a sua palavra
e a sua obra, que é próprio logos ("a Palavra", a razão), desde
sempre e para sempre [...] Em vez de se limitar a falar apenas das obras, dos
atos, dos discursos dos ensinamentos de Jesus, ele (João) constata que a
sua doutrina é, no fundo, ele próprio. Ele é em sua totalidade Filho, Palavra,
Missão; a sua ação está enraizada no fundo de seu ser e se identifica com ele.
A sua singularidade está justamente nessa unidade do ser e do agir".
(3)
Vale a pena também
refletirmos que a partir desta constatação de que, sendo Jesus sua própria
obra, então podemos ter uma certeza de que segui-lo é possível, e também é
possível imitá-lo. Estudar por tanto sobre Jesus e sua mensagem, é estudar na
verdade sobre as verdades do próprio homem, sendo o próprio Jesus a imagem do
homem perfeito. Ele é por tanto o objeto perfeito de qualquer ideal
humanitário. Vejamos:
Falam tanto hoje em dia
de humanismo. Ora mas o que vemos por aí passa longe de ser um humanismo. O que
se ensina sobre humanismo hoje é na verdade um "idealismo materialista"
que desemboca em três direções: 1) ateísmo radical, 2) agnosticismo e 3)
panteísmo. Essas direções levam no entanto o homem a idolatria de si mesmo, uma espécie de Antropoteísmo, isto é, o homem que se faz Deus, age como Senhor de si mesmo.
Nenhum desses
corresponde de fato ao que realmente é um humanismo. Nenhuma dessas direções consegue responder aos anseios de um real e autêntico humanismo. (sobre tais
pensamentos trataremos em outros textos).
Mas, aqui vale a pena
explicar o que realmente seria um humanismo:
Juntemos Teologia e Antropologia e terás
um verdadeiro humanismo, isto é, o único meio seguro de se criar uma
mentalidade humanitária de fato é estudando com seriedade a
"Cristologia" (Teologia). Sim, a cristologia é o mais perfeito estudo
sobre Antropologia e Teologia juntas.
Ora se Jesus Cristo está
todo aberto ao Pai, sendo Ele Filho como abertura total ao querer do Pai, se é
filho com toda a sua existência, se sua existência tem amor e é o próprio Amor, não seria Ele então idêntico a Deus que é amor puro? Sendo assim estudar Cristo
não seria uma teologia? E se esse mesmo Jesus é totalmente aquilo que realiza,
de modo que sua pregação se confunde com seu próprio ser, se Ele assume tudo o
que faz, se vive inteiramente pelo outro sem deixar de ser Ele próprio, se
mesmo depois de tantas calúnias e perseguições abençoa seus inimigos agindo de
maneira autêntica como sempre agiu e pregou, se suas ações são pura virtude, se
seu ser é um êxodo perfeito, ou seja, seu ser é totalmente saída para o outro,
então não seria Ele o mais humano de todos os humanos? Não seria por excelência
o Homem dos homens? a imagem perfeita do ser humano? Estudar Cristo, por tanto,
não seria também uma antropologia?
Sendo assim a
Cristologia não só é uma disciplina teológica como também é a mais perfeita
Antropologia.
Não estaria na hora então de
direcionarmos nossas conversas, aulas, pregações, reflexões filosóficas,
estudos etc...na direção do verdadeiro humanismo? Ou seja, no estudo
autêntico sobre Jesus Cristo?
Sim. O único e verdadeiro humanismo é
ensinar as pessoas a agirem e pensarem como o único homem cem por cento homem.
Jesus Cristo.
Se todos imitassem a Jesus Cristo, o mundo realmente seria mais humano. E Deus estaria com toda certeza no
centro desta humanidade. Sem medo algum de me responsabilizar por estas
afirmações e reflexão, afirmo com toda certeza, de que a mensagem de Jesus por
tanto é Ele mesmo, como caminho que nos leva ao Pai, isto é, Ele é a religião
(re-ligare) perfeita, Jesus é de fato a imagem do que devemos ser, é por tanto
sua mensagem um verdadeiro e autêntico humanismo, o cristianismo é o caminho
perfeito de que a humanidade realmente precisa. A Igreja - penso eu -
tornar-se-á, nos dias atuais, ainda mais profética se caminhar nesta direção.
Seguindo o mesmo
pensamento, C.S. Lewis nos ensina que "Deus tornou-se homem para
transformar criaturas de Deus em filhos de Deus; não simplesmente para produzir
homens melhores da antiga espécie, mas para produzir uma nova espécie de homens"
(4). Espécie igual a Ele próprio, ou seja, Deus se fez homem, para tornar o
homem Deus (5).
Paz e Bem
Por Bruno Otenio.
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Notas:
1. RATZINGER, Joseph. Introdução
ao Cristianismo. 6ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2005.
2. ibidem, idem. pg. 152.
3. ibidem, idem. pg. 154, 168.
4. LEWIS, C.S. Cristianismo puro
e simples. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
5. Catecismo da Igreja Católica,
parágrafo 459: "O Verbo fez-Se carne, para
ser o nosso modelo de santidade. Conclui no parágrafo 460: "O
Verbo fez-Se carne, para nos tornar «participantes da natureza divina»
(2 Pe 1, 4): «Pois foi por essa razão que o Verbo Se fez homem, e o
Filho de Deus Se fez Filho do Homem: foi para que o homem, entrando em comunhão
com o Verbo e recebendo assim a adopção divina, se tornasse filho de Deus».
«Porque o Filho de Deus fez-Se homem, para nos fazer deuses». «Unigenitus
[...] Dei Filias, suae divinitatis volens nos esse participes, naturam nostram
assumpsit, ut homines deos faceret factos homo – O Filho
Unigénito de Deus, querendo que fôssemos participantes da sua divindade,
assumiu a nossa natureza para que, feito homem, fizesse os homens
deuses»"
Perfeito! Ótima argumentação. Estou ansioso por mais, cara. Parabéns e muito sucesso. Boa sorte!! 👏👏😉
ResponderExcluirAgradeço a apreciação. Virão mais. Virão outros. Textos escritos com amor e sinceridade. Respeito e originalidade. E claro, com autenticidade e firmeza de opinião. Sem o politicamente correto. Obrigado Irmão.
ExcluirMaravilhoso texto meu amigo... Muito esclarecedor...parabéns pela iniciativa...aprecio e muito teus textos. Roseli
ResponderExcluirObrigado Roseli, Deus te abençoe.
Excluirmaravilhoso, vindo de você só esperava isso, que Deus o Abençoe sempre.
ResponderExcluirAmém. Obrigado pela apreciação
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