Ideologia de Gênero: A Identidade da não-identidade

Ideologia de Gênero: A Identidade da não-identidade

A Ideologia de Gênero ou Identidade de Gênero consiste no esvaziamento dos conceitos de homem e mulher. Definições de “homem” ou “mulher” são conceitos culturais e podem ser mudados, pois o sexo, isto é, o ser masculino e feminino são apenas fatores biológicos e não é de obrigação do indivíduo aceitar tal ditadura biológica – dizem os teóricos – por tanto devemos nos libertar desta ditadura por meio da liberdade de gênero, isto é, por meio da identidade de gênero.
1.       Gênero ou Sexo?
A palavra “gênero” substitui – ideologicamente - o termo sexo. Esta substituição não se dá como um sinônimo, mas como uma “novilíngua” que gera um “duplipensar” capaz de gerar na mente das pessoas e, consequentemente em suas vidas, costumes e práticas bizarras inimagináveis.
O que seria um duplipensar? Segundo explica Mons. Juan Claudio Sanahuja em sua obra O Poder Global e a Religião Universal[1], duplipensar é: “a habilidade que alguém tem de reter na mente, ao mesmo tempo, dois conceitos absolutamente contraditórios e aceitá-los, ambos, como verdadeiros. {...} Dizer coisas que sabe serem mentiras e ao mesmo tempo nelas crer firmemente”. Ora, isto é uma forma de lavagem cerebral usada pelos defensores da ideologia de gênero.
Os defensores desta ideologia acreditam que a natureza biológica pode ser moldada ou modificada segundo a própria vontade da pessoa que é “livre” para escolher ser o que quiser. Subtende-se então que cada indivíduo tem o direito de ser o que bem entender, segundo a sua própria vontade, sem levar em conta até mesmo a sua própria natureza, ou seja, a natureza comum a todos os seres humanos, que nada mais é do que a lei natural imutável baseada na lei eterna, fundamentada na própria natureza de Deus. Absurdo? Insanidade? Revolução? [No Brasil esta insanidade está sendo implantada nas escolas a fim de se obter um reengenharia social visando a destruição da família tradicional por meio de doutrinações ideológicas para crianças à partir de seus 4 anos de idade] Ora C.S. Lewis[2] já havia previsto tal degradação moral na sociedade:
A natureza humana será a ultima parte da Natureza a se render ante o homem. A batalha estará então vencida. Teremos “arrancado o fio da vida das mãos de Cloto” e, daí por diante, seremos livres para fazer da nossa espécie aquilo que desejarmos. A batalha estará definitivamente vencida. Mas a pergunta é: quem exatamente a terá vencido? Pois o poder do homem para fazer de si mesmo o que bem quiser significa, conforme vimos, o poder de alguns homens para fazer dos outros o que bem quiserem. Não há dúvida de que sempre, ao longo da história, a educação e a cultura, de algum modo, pretenderam exercer tal poder[3].

2.     Em que consiste essa tal “liberdade de escolha”?
Consiste em você poder escolher ser exatamente “tudo” o que você quiser ser. E tudo é tudo, inclusive ser: Pedófilo (o que eles chamam de amor entre as gerações), Zoófilo (sexo com animais), Masoquista (prazer na dor), entre outras loucuras. Parece absurdo, mas sim, estas são as consequências desta ideologia que está sendo difundida sistematicamente no mundo, com financiamento pesado de empresas internacionais e claro: da ONU.  Mas, ainda sim, para os ideólogos, estes termos são rótulos alienantes que deveriam ser apagados, excluídos, extintos, já que conotam tipos de sexualidade. E é justamente isto que eles combatem: definições de sexualidade. Para eles existe apenas a “Identidade de Gênero”, ou seja, a identidade que você escolher para a sua vida, isto é, uma indefinição sexual, um ser humano neutro e indefinido que livremente pode escolher “ser” (ser enquanto práxis, isto é, prática de vida)[4] o que quiser. Para ser mais claro, pode-se afirmar que o ser humano nasce neutro e deve ser ensinado a continuar neutro aderindo apenas o “gênero” como "orientação sexual", por tanto ele deve ser ensinado a “ser” bissexual sem afirmar ser, apenas agir como. Deve-se desenvolver nas pessoas a capacidade de desejar ambos os sexos. (obs. Lembre-se de que “ser” na linguagem ideológica revolucionária significa “prática”, “ação”, “práxis”, você é o que você faz sem necessidade de rotulações).
Veja bem, até mesmo os homossexuais e as feministas que entram nesta briga em defesa da identidade gênero estão caindo em contradição, já que eles mesmos deverão ser “excluídos” como tal. Afinal ser homossexual ou feminista é por assim dizer definição de sexualidade, e isto não é permitido! O Padre Dr. José Eduardo da Diocese de Osasco em uma entrevista[5] ao Zenit no dia 04 de Abril de 2014 afirmou: “Os ideólogos de gênero, às escondidas, devem rir às pencas das feministas, Como defender as mulheres, se elas não são mulheres?” Notadamente, o Padre está ironizando esta coligação entre feministas e ideólogos de gênero, já que, repito: definição de sexualidade não é permitido! Se por um lado à ideologia de gênero prega uma pseudo-liberdade de escolha, por outro ela demonstra ser uma ideologia como outra qualquer[6], isto é, totalitária e revolucionária, que sempre se utiliza (instrumentaliza) de pessoas, grupos sociais, para alcançar seus objetivos. Logo vai surgindo às consequências lógicas desse princípio falso.
É possível perceber que existe uma arbitrariedade em jogo, ou melhor, uma ditadura! Uma ditadura do relativismo disfarçada e unida a uma outra ideologia: a ideologia libertinagem sexual.

3.      Estamos em Guerra!
É preciso correr o risco de ser perseguido por causa da verdade do que passar o resto da vida lamentado por ter visto a destruição da família, da moral, da sociedade por causa de um medo covarde. Ora a omissão dos bons é sinal verde para a ação do mal. A cultura da morte avança! É preciso pouco para barrar este avanço, muito pouco. É preciso apenas tornar-se instrumento da verdade. Lembre-se: “Para o triunfo do mal, basta que os bons não façam nada” (Edmund Burke)[7].
Estamos em uma guerra cultural onde os principais alvos são a Família, a Moral, a Fé e principalmente a Vida. Os ideólogos sabem como atingir estes pilares fundamentais que sustentam nossa sociedade. É o sexo! Sim, a guerra do sexo é o campo de batalha mais violento e revolucionário que existe. Ora, qualquer sociedade que possua um desequilíbrio coletivo no campo da sexualidade das pessoas é uma sociedade que vive o caos. A Ideologia do sexo, esta doutrinação destrói famílias, a juventude, a sociedade como um todo, semplismente – diz Peter Kreeft[8] - “porque esta batalha não atinge somente as vidas das pessoas, mas a vida – a própria vida – em sua origem”[9].
O sexo é um ato sagrado e é por meio dele que é possível à vida. É também pelo sexo que se constrói uma família, biologicamente falando. É por meio do sexo que Deus realiza o feito sublime de criar novas imagens de si mesmo. Mais do que o dinheiro, mais do que o poder, o sexo é o alvo, pois é algo único. O sexo é o meio pelo qual o homem pode adquirir uma certa liberdade intimamente ligada ao prazer, simples e unicamente porque o indivíduo sozinho no seu particular, mesmo que não necessite de outra pessoa, pode sentir a si mesmo como um ser vivo. É no prazer sexual que, volto a dizer, ainda sem o outro, o indivíduo “sozinho” sente seu próprio prazer. Tanto é verdade que uma pessoa consegue estimular a si própria sozinha para obter prazer.
O homem tem sede de poder e sede de conquista. Tem lutado contra tudo e todos para conquistar seu ideal. O homem é um ser insaciável, principalmente quando se trata da sexualidade estimulada e livre. Os ideólogos de gênero perceberam esta verdade e querem (estão conseguindo) destruir de forma objetiva e sistemática o modo perene de pensar o sexo. Fazendo isso conseguem criar uma sociedade individualista, desequilibrada, hedonista, viciada no próprio prazer. O sexo desregrado é apenas o ponto de partida. O objetivo na verdade é a conquista da liberdade total do homem em relação a si mesmo e a qualquer sistema tradicional, perene, moral, para escravizá-los num pseudo-sistema de liberdade, no qual, o partido que possuir uma oratória razoavelmente convincente embutido de emocionalismo e sentimentalismo e que estimule a preservação da tal (pseudo) liberdade, facilmente conquistará a população que já não sabe mais o que é a própria “liberdade” e dignidade. Serão como peixes dentro d’água que vivem nela, mas não a vêem.
Por isso mesmo que os ideólogos de gênero querem destruir o pensamento tradicional. É exatamente o motivo pelo qual falar sobre a lei natural imutável torna-se uma agressão aos “alternativos”. Para esses ideólogos, descobrir e aceitar a verdade é tornar a vida estática e improdutiva já que o ser humano é "livre e capaz, conquistador e sonhador". 
Ora, aceitar a verdade é “libertar” o homem da condenação de ser livre, e os ideólogos de gênero não querem esta liberdade. Por isso são revolucionários, por isso são ideólogos. Ora vale apenas lembrar que as ideologias se impõem utilizando o sistema educacional formal (escola e universidade) e não formal (meios de propaganda), como fizeram os nazistas e os marxistas - diz Jorge Scala em sua entrevista a Zenit. E é justamente por meio dos Planos Nacionais de Educação que a Ideologia de Gênero está conquistando espaço mundial, por meio de leis e normas governamentais impostas as instituições educacionais.
C. S. Lewis fantasticamente previu este declínio e nos advertiu. Em sua obra A abolição do homem:
Mas os projetistas de homens destes novos tempos estarão armados com poderes de um Estado onicompetente e uma irresistível tecnologia científica: obteremos finalmente uma raça de manipuladores que poderão, verdadeiramente, esculpir toda a posteridade a seu bel-prazer [...] Juízos de valor serão produzidos no aluno como parte do condicionamento [...] Sabem como produzir a consciência e decidem qual tipo de consciência irão produzir [...] A natureza humana foi conquistada e conquistou qualquer que seja o sentido que essas palavras possam ter agora. Os manipuladores, nesse ponto, estarão em condição de escolher que tipo artificial de tao, lei natural, irão impor á a raça humana, segundo as razões que lhes convierem[10].
                                                                                                                    
Infelizmente é o que está ocorrendo no mundo. Uma degradação moral. Um mundo sem moralidade é um mundo sem conhecimento da verdade. Quem não conhece a verdade facilmente é seduzido pela mentira. Desta maneira como defender a vida se até esta é questionada? Como lutar contra o aborto se - como diz C.S. Lewis - os ideólogos estão esculpindo desde dentro das escolas nosso futuro, tornando comum a perversão sexual, a confusão de identidade e tornando legal a o assassinato de inocentes. Como defender a família, se esta for apenas uma instituição que aprisiona o prazer e priva os homens da liberdade? Aliás, se a própria vida é relativa, como poderá a família sobreviver em uma sociedade que vive o caos institucionalizado? E o que dizer da Fé, se esta será apenas lembrada como mitologia? Estamos em Guerra!

Por Bruno Otenio




[1] SANAHUJA, Juan Claudio. Poder Global e Religião Universal. Campinas, SP: Ecclesiae, 2012. p. 17
[2] Clive Stample Lewis (C. S. Lewis) nasceu na Irlanda, em 1898. Em 1954, tornou-se professor de Literatura Medieval e Renascentista em Cambridge. Foi ateu durante muitos anos e se converteu em 1929 com a ajuda de seu amigo J. R. R. Tolkien (autor da trilogia O Senhor dos Anéis). Essa experiência o ajudou a entender não somente a diferença como também a indisposição de aceitar a religião; e, como autor cristão, com sua mente excepcionalmente lógica e brilhante e seu estilo vivo e lúcido, ele foi incomparável. Suas obras são conhecidas, em tradução, por milhões de pessoas no mundo inteiro. A abolição do homem, Cartas de um diabo a seu aprendiz, Cristianismo puro e simples e Os quatro amores são apenas alguns de seus best-sellers. Escreveu também livros de ficção científica, de crítica literária e para crianças. Entre estes estão As crônicas de Nárnia, sucesso mundial, publicadas no Brasil pela Martins Fontes. C. S. Lewis morreu em 22 de novembro de 1963, em sua casa em Oxford.
[3] LEWIS, Clive Stample. A abolição do homem. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 56.
[4] Ser aqui significa “fazer”. A Identidade de Gênero é um movimento revolucionário, portanto não consiste em apenas querer ser ou escolher alguma sexualidade, significa militância, combate ferrenho e sistemático contra mentalidade “patriarcal” de uma cultura opressora e alienante, tal como a cultura da “Família Tradicional”: Pai, Mãe e Filhos, ou, os chamados pilares do Ocidente: a Moral Judaico-Cristã, o Direito Romano e a Filosofia Grega.
[5] Entrevista intitulada: “Caindo no conto do Gênero”.
[6] Outra qualquer não no sentido de ser um mero probleminha social, mas no sentido de ser como toda ideologia se apresenta, como um “corpo fechado de ideias, que parte de um pressuposto básico falso – que por isto deve impor-se evitando toda análise racional” (Jorge Scala: advogado pró-vida, Argentino, autor do livro: Ideologia de Gênero: neototalitarismo e a morte da família).
[7] Filósofo e Político Anglo-Irlandês séc. XVIII.
[8] Peter Kreeft é Doutor e professor de filosofia no Boston College e no King’s College (Empire State Building), na cidade de nova Iorque. Contribui regularmente com diversas publicações cristãs, profere palestras em conferências e é autor de 64 livros. Algumas de suas influências são Tomás de Aquino, Sócrates, G. K. Chesterton e C. S. Lewis.
[9] KREEFT, Peter. Como vencer a guerra cultural - Um plano de batalha cristãos para uma sociedade em crise.  Campinas, SP: Ecclesiae, 2011. p. 115.
[10] LEWIS, Clive Stample. A abolição do homem. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 57-58.

Comentários

  1. Hoje em dias são proibidas por lei as praticas de necrofilia/zoofilia/pedofilia .. Porque essas estariam inseridas na ideologia de genero?
    E porque necessariamente essa ideologia prega o bissexualismo porque tudo estaria permitido então ter algo definido também estaria permitido.. Certo ?

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    1. Olá Carolina...Então a aprovação dessa ideologia principalmente nas constituições federais e estaduais e por consequência primária nos planos de educação resultaria na derrocada dessas proibicoes como já existem fortes apologias a elas. Ora a Idrologia permite a liberdade ao indivíduo. Sexualidade é na verdsde para eles apenas e unicamente Gênero. E este gênero significa não possuir identidade mas agir sexualmente com liberdade, por isso haveriam tensões propositais na constituição. Pedofilia seria o próximo passo após a implementação educacional desta ideologia seguido do aborto.

      Quanto a definição bissexual ela é apenas extrutural e não nominal. Sendo pois um modo de ensinar as crianças e adolescentes a serem libres dos "tabus" tradicionais de homem e mulher. As crianças seriam ensinadas a serem bissexuais sem afirmarem serem. Mas agirem como. Assim estabelece-se a prática do Gênero. Como acontece na Suécia.

      Isso tudo não é ideário imaginativo. Mas uma escrita baseada em fatos.

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  2. A compreensão de que gênero é uma construção social não gera nenhum dano à sociedade, muito pelo contrário, é um belo exemplo de respeito à cidadania do próximo. Agora se o indivíduo se identifica com qualquer agente danoso a sociedade, ele deve pagar por seus crimes. A sua intenção é associar as pessoas que escolhem exercer um gênero diferente do que a sociedade espera a uma prática danosa, sem nenhum argumento coerente. Frequentemente isso acontece com pessoas que tiveram sua cognição limitada por dogmas religiosos.

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  3. Seu comentário demonstra exatamente o que descrevi! E vc acaba de mostrar que não são dogmas religiosos que são danosos, mas a incapacidade reflexiva do pensamento relativizado! A Ideologia de Gênero não problema nenhum para pessoas livres numa sociedade livre! Porém se torna um problema quando imposto à crianças em fase de formação justamente quando essas crianças são diversas!!! Quer ser, agir e defender algo: que faço sem privilégios de leis! Tão simples entender!

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