O Idiota e o Humilde
Nos dias atuais, o que mais vemos em extremo
contraste social - em particular atenção à juventude – é uma guerra cultural na
qual encontramos dois exércitos se enfrentando. Um são os Idiotas, os outros são os Humildes.
Mas é preciso entender o conceito desses dois adjetivos, para se compreender essa
guerra e o porquê de sua existência. Vejamos:
Idiota vem da palavra grega idios que quer dizer “o
mesmo”. Idiotes, de onde veio o
nosso termo Idiota, é o sujeito que
nada enxerga além dele mesmo, que julga tudo pela sua própria pequenez[1].
Como podemos observar
na conceituação acima, um Idiota é uma pessoa egoísta que só ama, crê, pensa e
fala por si mesmo. Um ser idiota – etimologicamente falando - está intimamente
relacionado a um indivíduo ignorante, ou seja, desprovido de inteligência. Pelo
menos uma inteligência em processo de desenvolvimento[2].
Podemos então definir que:
“Um idiota é uma pessoa parada no tempo, no seu
próprio tempo, alienada em seu próprio mundo, prisioneira de sua própria
ignorância, sujeita a seduzir outros idiotas a ficarem presos em sua própria
escuridão”.
O Humilde por sua vez é o indivíduo que está aberto à primeiro
reconhecer suas próprias limitações, para depois afirmar uma ideia do outro ou
de uma situação, ou seja, já é um ser contrário ao idiota. Sua definição
predicamental aqui está relacionada à pessoa que busca conhecer,
posicionando-se como a-luno (sem luz, a:
negação, luno: luz) permitindo que o
outro (professor, padre, pastor, livros, instrutor, pedagogo, etc...) possa
contribuir para o recebimento da luz, isto é, do saber. Um verdadeiro sábio
reconhece suas limitações e ao mesmo tempo reconhece suas capacidades, sejam
elas extraordinárias ou simples. Ele permite o outro ensinar algo, está aberto,
mesmo com senso crítico, para aproveitar toda e qualquer informação para
crescer intelectualmente, humanamente, espiritualmente e até mesmo fisicamente.
O humilde possui prazer pelo Belo, pela Religião, pela Arte, pela
Poesia, pela Política, pela Música, pela Comunidade. O idiota recusa tudo
isso, afirmando ser ele mesmo o condutor de sua própria vida e responsável pela
criação do próprio mundo. De fato o é. É o responsável pela própria ignorância.
Portanto, podemos
observar que o Idiota fica preso na própria escuridão enquanto o humilde
reconhece-se pequeno, aceitando ajuda para viver na luz da sabedoria. O idiota
vive em sim e para si, o humilde vive para o outro e com o outro, sem excluir a
si mesmo, mas sabendo colar-se em seu próprio lugar.
O brasileiro de hoje é falante (tagarela) e
acomodado, “quase” preguiçoso, não estuda, apenas pesquisa (principalmente no
Wikipédia) e opina sobre tudo, ou seja, vive de opiniões e achismos. Um povo filodoxo[3].
A esperança é a última que morre diz o ditado
popular. Sim é verdade, é a última que morre, e justamente por ela ser uma força
que move as pessoas, principalmente nos momentos mais extremos de suas vidas, é
que a esperança está sendo atacada. Mas o ditado continua a sendo real e
verdadeiro, pois um novo povo tem surgido em nossa nação. Um povo mais
pensante, mais piedoso, o retorno das tradições tem beneficiado fantasticamente
as pequenas comunidades conservadoras que resistiram as tentações progressistas
ou totalitaristas e ideológicas. Pequenas comunidades que unidas já formam um
grande povo preparado para defender valores com a própria vida. Esses são os
humildes convocados pela própria consciência, para defenderem o bem, que jamais
será ocultado por mal nenhum, pois a luz jamais será ofuscada pelas trevas.
Mesmo que estas trevas sejam barulhentas.
Ninguém vê uma árvore crescendo, no entanto uma
belíssima árvore sempre encanta, traz descanso, dá seus frutos e sombra às
pessoas. Mas todos se assustam com o barulho de uma árvore caindo. O mal é como
esta árvore em queda e por consequência seus seguidores, os idiotas, apenas
fazem barulho. Gritam euforicamente, fazem guerra, desrespeitam a ordem, acham
que são donos de si mesmos, se multiplicam como coelho, pois é fácil ser
idiota, basta seguir as modas semanais e coloridas =*.*=. O bem por sua vez age
silenciosamente e cresce neste silêncio como uma árvore em desenvolvimento. Mas
toda boa árvore dá seus frutos e os frutos de boas consciências estão surgindo.
A esperança é a força que move o humilde. Os
humildes são aqueles brilham quando uma nação jaz em trevas. O Brasil
ofuscou-se tanto em suas trevas, o que o brilho dos humildes já pode ser visto
a distância. Mas como todo olho que acostumado com a escuridão se incomoda com
a luz da aurora, assim também a luz dos humildes incomodará a muitos que vivem
nas trevas existenciais de nossa época. Mas é só uma questão de tempo e todos
voltarão a se acostumar com a claridade de uma boa e singela humildade e enfim
poderão descansar e se preparar para uma nova idiotice que certamente retornará.
O mais importante é manter-se fiel a três coisas: a oração, ao estudo e ao
testemunho da verdade!
Veritatis Nihil Praeponere – “A nada
dar mais valor que a Verdade”
Por Bruno Otenio.
[1] CARVALHO, Olavo de. O mínimo que você precisa saber para não ser
um idiota. 3ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2013.
[2] Ou seja, todo conhecimento pode
ser adquirido por estudos, livros, filmes, pesquisas e até mesmo na experiência
do dia a dia, mesmo que o indivíduo seja um analfabeto. Logo vê-se aqui que
inteligência em processo de crescimento se refere não ao conceito tradicional
de inteligência, mas a busca contínua do conhecimento das coisas, pessoa que
busca sempre aprender sem a prepotência de tudo já saber. Aqui cito a famosa
frase de Sócrates: “Só sei que nadas
sei”.
[3]
Filo: amizade. Doxa: Opinião. Filodoxa: amigo da
opinião. O filodoxo é o oposto do Filosofo. É o Retórico opinador querendo
tomar o lugar do Sábio argumentador.
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